Esta noticia é brilhante. Sério. Primeiro, somos brindados com tarifas cada vez mais altas de electricidade, e pagamos e não reclamamos, sendo que a EDP tem lucros ano após ano cada vez maiores. Claro, com os aumentos, existem pessoas que deixam de poder pagar ou então armam-se em finas, e não pagam, ficando a EDP com dívidas incobráveis (sendo que é e sempre foi um risco de qualquer negócio). A medo, a EDP apresenta uma proposta para que os clientes (os tais bons pagadores) paguem uma parte dos incobráveis (???). O governo ainda tem a lata de estudar o caso... E ainda por cima, a DECO (supostamente uma associação para a defesa dos consumidores) vem a terreiro concordar com esta proposta! Mas que raio... Anda tudo alucinado e ébrio? Anda tudo doido com o Euro 2008? Estou mesmo a ver outras actividades pouco rentáveis, e com altos riscos de incobráveis (tipo os pobrezinhos dos bancos privados e publicos portugueses) já com o olhito direito a brilhar de satisfação, e a redigir uma proposta semelhante... Ora bem, deixa cá ver... As pessoas vêm cá pedir empréstimos porque não têm dinheiro... Levam com uma taxa de spread alta X, para termos lucro... Mas existem alguns clientes que não pagam.. e ficamos aqui com as dívidas.. e os imóveis... Ahá! Agora sim! Aumentamos os spreads, de acordo com os incobráveis que temos, e quem vai pagar são os nossos clientes que não têm dinheiro e nos vieram pedir empréstimos! Pois.. e se eles não tiverem e tornarem-se eles próprios incobráveis? Não faz mal, aumenta-se novamente os spreads, and so on, and so on.. Depois, o Sócrates começa a detectar uma tendência nisto e tem uma idéia brilhante. Porreiro,pá! Podemos fazer isto com os impostos também! Ora, existem pessoas que não pagam impostos. Logo, o que temos de fazer é começar a cobrar mais Às pessoas que pagam, para diluir os riscos dos incobráveis. Com a cada vez maior carga fiscal, vão existir cada vez mais incumpridores, logo ainda aumenta-se mais a carga fiscal! Brilhante,pá! Isto faz-me lembrar um homem lá da santa terrinha, que vendia e arranjava bicicletas. Cada vez que lá ia, era mais caro arranjar a bicicleta, e o homem andava sempre a queixar-se que as pessoas deixavam de lá ir. Uma vez tive a infeliz idéia de lhe dizer: oiça lá, se calhar é porque está a começar a pedir cada vez mais dinheiro, e as pessoas assim vêm menos. Resposta brilhante dele: nã faz mal, eu aumento os preços, e aqueles que vêm cá pagam por aqueles que deixam de vir. Passado pouco tempo, fechou a oficina. Mas sempre a pensar que a culpa é daqueles malandros, que deixaram de cá vir. Clientes exigentes, é o que é.
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