Segundo o Publico, e "de acordo com um relato de um professor escrito em acta, a directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, pediu aos conselhos executivos das escolas para terem atenção na escolha dos docentes que vão corrigir os exames, e disse que “talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média.” Os “alunos têm direito a ter sucesso” e o que “honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos” terá dito imediatamente antes e depois."
É uma delicia ler estas notícias. Quando andava a estudar, os professores apertavam conosco, faziam perguntas dificeis, não davam a matéria toda, os exames eram complicados, e mesmo na hora de corrigir, quase sempre eram os alunos prejudicados. Isso levava a que os alunos tivessem efectivamente de estudar para passar, com 10 disciplinas ou mais, e quando havia médias de 14, 15 e 16 era uma festa. Isto nos décimos (10,11 e 12). E quando foi na altura das específicas para a faculdade, aquela treta era tão complicada que até havia manifestações. Lembro-me de ter feito uma prova na faculdade em que tive negativa, e como aquilo tinha corrido tão bem, pedi (inocentemente) para ver a prova. Ao estar a ver a prova, deparei-me com uma página de costas inteira sem estar corrigida, e fui perguntar ao professor o que estava errado ali. Ele olha 30 segundos para a folha, vê o resultado final, e como não era aquele, toca de riscar a folha por completo. Ora aí está. Mas.. e o raciocínio? Qual raciocínio? O resultado está errado ou não? Está! Logo... Passados 15 anos, acho que foram bons tempos aqueles. Aprendemos a ser mais exigentes conosco próprios, e viemos mais preparados para as dificuldades da vida, porque nem tudo era fácil.
E o estudante de hoje? Tem direito a ter sucesso. Pois claro. A ter exames mais fáceis. A bater nos professores, e estes não poderem fazer (quase) nada. A nunca chumbar por faltas, e passar todos os anos. . Os alunos têm de ser defendidos, porque as provas são difíceis, e eles não se podem esforçar muito. E os professores que corrigem, ai deles que fujam da média... Nada de dar negativas, ainda mais porque estas prejudicam os seus indicadores de performance para as turmas (tipo devem ter 90% de aprovações, e dessas 20% têm de ser bons e muito bons). Para além disso, metem os professores a preencher papelada, em vez de lhes darem tempo para preparar as aulas para os alunos.
Eu sinceramente percebo a evolução. Primeiro, há que melhorar as estatisticas. Depois, como há poucos licenciados no desemprego ou a trabalhar como técnicos de superficie em várias câmaras municipais, toca de lhes dar um canudo. Para eles usarem como binóculos e verem a paisagem do desemprego. Ah, e as miragens de um futuro melhor. E caso eles não se safem com cursos de faculdade, criam-se cursos técnico-profissionais de jogadores de futebol, jardinagem de campos de golfe, caddies (estes dois ultimos, a fazer fé pelas noticias de construção de campos, vão ter muita procura). Suspeito que qualquer dia irão surgir cursos de sudoku, palavras cruzadas, e técnicas de piropos nas obras. E caso estes se esgotem, o curso que irá ter mais adesão será o de desempregado profissional. Já começam a existir optimos professores neste curso. A sua homologação é que é mais complicada, embora sejam dados cursos não oficiais nas tascas do bairro alto e do cais do sodré, entre cervejolas e ginginhas.