Ora, não me lixem, é facilmente compreensível porque o juíz adiou o julgamento. Ficou com medo de ser hipnotisado, e dar a absolvição ao meliante, ou de ficar em cuecas no tribunal, ou contar porque é que quando vem a Lisboa, um dos locais favoritos para passear é o Parque Eduardo Sétimo. Enfim, podia estar aqui a discorrer sobre os medos do juíz, dos assistentes administrativos, dos advogados de defesa e acusação, mas não é muito interessante (nem posso divulgar, segredo profissional). O interessante foi a forma que encontraram de lidar com a situação ( e daí o adiamento). Segundo leram na revista Hipnotismo e Saltos Altos (sai todas as terças feiras pares do mês, ouvi dizer), a maneira mais eficaz é colocar de molho duas peças de roupa interior usadas durante 15 dias seguidos, e usá-las no dia do julgamento, em conjunto com dois dentinhos de alho e salsa (nunca percebi esta segunda parte, parece-me mais uma receita, e deve ser desconfortável de usar, mas enfim... coisas de ciencias ocultas).
Segundo consta, antes de partir para estes preparos mais radicais, solicitaram ajuda ao Mago Alexandrino (sim, esse mesmo que para além de hipnotizar as pessoas de uma forma brilhante, ainda tem esculturas de falos feitos em mármore onde vive). O mago Alexandrino tem sido muito prejudicado nos ultimos tempos, pois foi-lhe surrupiada uma colecção inteira de falos, que este estava a preparar para vender ao Joe Berardo - inclusivamente havia um falo em forma de zé-povinho a dizer fu** you - e ainda não conseguiu descobrir quem foi. Embora tenha algumas suspeitas, pois nos chás das 4:30 em Cascais, as tias passaram a vir muito mais sorridentes, e até comentam já a estátua do Cutileiro em Lisboa, mencionando que gostavam de uma daquelas em versão compacta. Esta solução de compromisso não foi avante porque o grande Mago pretendia hipnotizar toda a sala, e fazer um julgamento fantoche, mas a defesa meteu uma providência cautelar.
Adiante. Em conversa com o mago Alexandrino, este revelou alguns dos truques que usa. O maior segredo do hipnotismo está em olhar fixamente nos olhos da vítima, o que leva a uma escolha criteriosa da mesma. Estão excluídos à partida estrábicos e cegos, pois são muito complicados de hipnotisar. O Luis de Matos que o diga, que já tentou efectuar essa proeza sem sucesso (claro que nunca o revelou publicamente, após 4 anos de tentativas, para não manchar o seu bom nome. Acabou por decidir fazer desaparecer o Durão Barroso, e faze-lo aparecer em Bruxelas, tendo sido aplaudido por muitos milhares de portugueses). Há quem use algum tipo de objecto para distrair os hipnotisados, enquanto lhes entram na mente e não só (ver Sócrates, por exemplo, e os 3% de défice, ou o Taveira, com os seus quadros na parede, pendurados estrategicamente por cima do sofá) O local escolhido também é muito importante, pois deve ser efectuado num local tranquilo, como o mercado do Bulhão à quinta feira de manhã, quando chega o peixe da lota. O hipnotisado deve ficar assim num estado de sugestão, que permita ao hipnotizador lhe dizer o que ele deve fazer ou pensar.
Ainda segundo a noticia, o alegado abusador terá sugerido à vítima que se imaginasse numa praia com um rapaz de que gostasse e aproveitou o estado hipnótico para a prática de acto sexual, diz o relatório do Ministério Público. Segundo a acusação, a jovem só percebeu o que lhe aconteceu - e que viria a ser comprovado em testes médico-legais - quando o arguido lhe disse que era casado e que iria deixar a esposa. Ora está à vista o motivo pelo qual a jovem decidiu processar o hipnotizador. Uma coisa é, bem, divertirem-se algumas vezes. Outra coisa é virem-lhe dizer que quer deixar a esposa para ficar com ela. Quem é que lhe disse que ela queria compromissos?
Sem comentários:
Enviar um comentário