sábado, 29 de março de 2008

O saco azul

Sinceramente, não percebo a fixação com a cor do saco. Até já nas minhas divagações mais disparatadas comecei a pensar que tinha alguma relação com o Apito Dourado, e com os clubes envolvidos. Mas não, o saco azul, eufemismo dado ao dinheiro guardado por fora, sem registo contabilístico (pelo menos oficial), aparentemente não tem nada a ver com o futebol. E a ironia do destino é que o dinheiro não é guardado num saco azul, mas sim em sacos pretos, bem enrolados, e debaixo ou dentro do colchão, em casa dos proprietários das empresas. Porque é que acham que quanto mais dinheiro movimenta a empresa, maior é a casa do(s) presidente(s), e mais quartos tem em casa? E que depois de algum tempo, começa a comprar cada vez mais casas, espalhadas pelo país e pelo mundo? Fácil, não é? Mais crescimento significa mais saco azul, ou dinheiro por fora, logo significa necessidade de mais colchões, logo de mais camas para os colchões e por consequência, mais casas. Não sei como é que os senhores da DGCI não vêm este fenómeno…
Mas o saco azul vai conhecer uma nova era. Tudo porque Fátima Lopes, admiradora há muito de Fátima Felgueiras, vai dar uma nova roupagem ao saco.
Segundo os boatos, o saco vai começar a vir nas mais variadas formas, embora mantenha a cor azul, para não chocar os mais puritanos, nem confundir os clientes mais antigos, que podem ficar baralhados com a cor do mesmo, e mostrá-lo a quem não deve. Esta cor azul vai desde o azul-bebé, para oferecer aos rebentos mal nascem, até ao azul mais escuro e discreto, para os executivos de topo, para combinar com os colchões e lençóis lá de casa. Não sei se irão organizar um Portugal Fashion Blue Bag, mas é uma das possibilidades. Já existem grandes nomes internacionais interessados nesta nova roupagem, fartos da cor monótona dos sacos actuais. Fátima Felgueiras pondera mesmo abrir um franchising Blue Bag, onde para além dos direitos de propriedade intelectual, fornecerá todo o tipo de acessórios necessários, sempre com a marca Fátima Lopes, e o tradicional “Made in Portugal”. O ICEP já se disponibilizou para um apoio a fundo perdido para a iniciativa (neste caso o chamado saco azul oficial). O governo ainda não tomou posição sobre este novo franchising, pois pediu ao LNEC um estudo sobre a viabilidade do franchising, e não sabe se é mais vantajoso cobrar o ISA (imposto sobre o saco azul, que pode variar entre 5 a 10% do montante total envolvido) ou pura e simplesmente fazer incidir o IVA sobre as transacções aplicadas, embora estas sejam mais difíceis de apurar. O Banco de Portugal já constituiu uma comissão de avaliação sobre o impacto na economia deste novo franchising, estimando um impacto positivo de 2% sobre o PIEP (Produto Interno da Economia Paralela).

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