sábado, 28 de junho de 2008

alunos têm direito a ter sucesso

Segundo o Publico, e "de acordo com um relato de um professor escrito em acta, a directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, pediu aos conselhos executivos das escolas para terem atenção na escolha dos docentes que vão corrigir os exames, e disse que “talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média.” Os “alunos têm direito a ter sucesso” e o que “honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos” terá dito imediatamente antes e depois."
É uma delicia ler estas notícias. Quando andava a estudar, os professores apertavam conosco, faziam perguntas dificeis, não davam a matéria toda, os exames eram complicados, e mesmo na hora de corrigir, quase sempre eram os alunos prejudicados. Isso levava a que os alunos tivessem efectivamente de estudar para passar, com 10 disciplinas ou mais, e quando havia médias de 14, 15 e 16 era uma festa. Isto nos décimos (10,11 e 12). E quando foi na altura das específicas para a faculdade, aquela treta era tão complicada que até havia manifestações. Lembro-me de ter feito uma prova na faculdade em que tive negativa, e como aquilo tinha corrido tão bem, pedi (inocentemente) para ver a prova. Ao estar a ver a prova, deparei-me com uma página de costas inteira sem estar corrigida, e fui perguntar ao professor o que estava errado ali. Ele olha 30 segundos para a folha, vê o resultado final, e como não era aquele, toca de riscar a folha por completo. Ora aí está. Mas.. e o raciocínio? Qual raciocínio? O resultado está errado ou não? Está! Logo... Passados 15 anos, acho que foram bons tempos aqueles. Aprendemos a ser mais exigentes conosco próprios, e viemos mais preparados para as dificuldades da vida, porque nem tudo era fácil.
E o estudante de hoje? Tem direito a ter sucesso. Pois claro. A ter exames mais fáceis. A bater nos professores, e estes não poderem fazer (quase) nada. A nunca chumbar por faltas, e passar todos os anos. . Os alunos têm de ser defendidos, porque as provas são difíceis, e eles não se podem esforçar muito. E os professores que corrigem, ai deles que fujam da média... Nada de dar negativas, ainda mais porque estas prejudicam os seus indicadores de performance para as turmas (tipo devem ter 90% de aprovações, e dessas 20% têm de ser bons e muito bons). Para além disso, metem os professores a preencher papelada, em vez de lhes darem tempo para preparar as aulas para os alunos.
Eu sinceramente percebo a evolução. Primeiro, há que melhorar as estatisticas. Depois, como há poucos licenciados no desemprego ou a trabalhar como técnicos de superficie em várias câmaras municipais, toca de lhes dar um canudo. Para eles usarem como binóculos e verem a paisagem do desemprego. Ah, e as miragens de um futuro melhor. E caso eles não se safem com cursos de faculdade, criam-se cursos técnico-profissionais de jogadores de futebol, jardinagem de campos de golfe, caddies (estes dois ultimos, a fazer fé pelas noticias de construção de campos, vão ter muita procura). Suspeito que qualquer dia irão surgir cursos de sudoku, palavras cruzadas, e técnicas de piropos nas obras. E caso estes se esgotem, o curso que irá ter mais adesão será o de desempregado profissional. Já começam a existir optimos professores neste curso. A sua homologação é que é mais complicada, embora sejam dados cursos não oficiais nas tascas do bairro alto e do cais do sodré, entre cervejolas e ginginhas.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Julgamento interrompido por júri que jogava sudoku

Desculpem o plágio, mas não resisto a reproduzir esta notícia. Ainda dizem que a justiça em Portugal é má... Comentários para quê... Justiça made in Austrália

Um jogo de sudoku levou à interrupção de uma sessão de julgamento em que estava em causa uma pena de sentença de morte, depois de 66 dias de sessões já decorridos e cerca de 616 mil euros já gastos .Quando o juiz viu que alguns membros do júri de um caso sobre conspiração e tráfico de droga estavam entretidos com jogos de sudoku decidiu interromper a sessão.
Supostamente estariam a tomar notas, mas alguém alertou o juiz para o facto de estarem a escrever na vertical em vez de na horizontal. Foi então que se apercebeu que quatro ou cinco membros do júri estavam a fazer jogos de lógica.

Lynette Ross acrescentou ainda que três quartos dos 12 membros do júri jogaram sudoku em pelo menos 70% das 11 semanas em que decorreu o julgamento no Supremo Tribunal.
«Era extremamente difícil concentrarmo-nos no tribunal por tanto tempo», disse Lynette. «Ambos os lados eram confusos e eu acho que nos explicaram mal as coisas».
Lynette confessou ainda aos jornalistas do diário australiano que ela era uma das pessoas que jogava sudoku, nesse julgamento sobre corrupção financeira. «Acho que ninguém nos viu a jogar».

segunda-feira, 16 de junho de 2008

EDP - DECO aceita que clientes paguem incobráveis

Esta noticia é brilhante. Sério. Primeiro, somos brindados com tarifas cada vez mais altas de electricidade, e pagamos e não reclamamos, sendo que a EDP tem lucros ano após ano cada vez maiores. Claro, com os aumentos, existem pessoas que deixam de poder pagar ou então armam-se em finas, e não pagam, ficando a EDP com dívidas incobráveis (sendo que é e sempre foi um risco de qualquer negócio). A medo, a EDP apresenta uma proposta para que os clientes (os tais bons pagadores) paguem uma parte dos incobráveis (???). O governo ainda tem a lata de estudar o caso... E ainda por cima, a DECO (supostamente uma associação para a defesa dos consumidores) vem a terreiro concordar com esta proposta! Mas que raio... Anda tudo alucinado e ébrio? Anda tudo doido com o Euro 2008? Estou mesmo a ver outras actividades pouco rentáveis, e com altos riscos de incobráveis (tipo os pobrezinhos dos bancos privados e publicos portugueses) já com o olhito direito a brilhar de satisfação, e a redigir uma proposta semelhante... Ora bem, deixa cá ver... As pessoas vêm cá pedir empréstimos porque não têm dinheiro... Levam com uma taxa de spread alta X, para termos lucro... Mas existem alguns clientes que não pagam.. e ficamos aqui com as dívidas.. e os imóveis... Ahá! Agora sim! Aumentamos os spreads, de acordo com os incobráveis que temos, e quem vai pagar são os nossos clientes que não têm dinheiro e nos vieram pedir empréstimos! Pois.. e se eles não tiverem e tornarem-se eles próprios incobráveis? Não faz mal, aumenta-se novamente os spreads, and so on, and so on.. Depois, o Sócrates começa a detectar uma tendência nisto e tem uma idéia brilhante. Porreiro,pá! Podemos fazer isto com os impostos também! Ora, existem pessoas que não pagam impostos. Logo, o que temos de fazer é começar a cobrar mais Às pessoas que pagam, para diluir os riscos dos incobráveis. Com a cada vez maior carga fiscal, vão existir cada vez mais incumpridores, logo ainda aumenta-se mais a carga fiscal! Brilhante,pá! Isto faz-me lembrar um homem lá da santa terrinha, que vendia e arranjava bicicletas. Cada vez que lá ia, era mais caro arranjar a bicicleta, e o homem andava sempre a queixar-se que as pessoas deixavam de lá ir. Uma vez tive a infeliz idéia de lhe dizer: oiça lá, se calhar é porque está a começar a pedir cada vez mais dinheiro, e as pessoas assim vêm menos. Resposta brilhante dele: nã faz mal, eu aumento os preços, e aqueles que vêm cá pagam por aqueles que deixam de vir. Passado pouco tempo, fechou a oficina. Mas sempre a pensar que a culpa é daqueles malandros, que deixaram de cá vir. Clientes exigentes, é o que é.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

GNR desmantelou grupo de assaltantes chefiado por paraplégico

A GNR de Felgueiras desmantelou, na noite de 11 de Junho, um grupo que se dedicava há vários meses ao furto em residências e estabelecimentos, liderado por um paraplégico de Macieira da Lixa, Felgueiras. Bem, como não há oportunidades para pessoas com necessidades especiais, há que aproveitar as oportunidades que o outro lado da lei oferece. Mas a noticia não acaba aqui. Segundo o comandante do destacamento de Felgueiras, o cabecilha já tem antecedentes criminais, contando com condenações por homicídio e tráfico de droga, sendo conhecido na sua zona de residência como uma pessoa violenta. Estou a ver o cabecilha, a revirar os olhos de furia, e a dar uma tareia a todo o quartel da GNR de Felgueiras... O país anda mesmo violento...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Ministros europeus chegam a acordo para prolongar semana de trabalho até às 65 horas

Quando vi o título, pensei "é desta". Os ministros vão começar a trabalhar até às 65 horas por semana! Quer dizer.. todos já sabemos que os ministros portugueses trabalham muito mais do que as 65 horas por semana, e achei uma optima idéia "venderem" a mesma idéia aos seus congéneres europeus. Depois, com o avançar da leitura, afinal vi que não foi bem isso que ficou acordado... Ou seja, em vez de tentarem que os ministros dos outros paises trabalhem também até às 65 horas por semana, o que ficou acordado foi que se entre empresas e trabalhadores existir acordo, estes poderão trabalhar até às 65 horas. Contra mim falo, pois ainda passo mais tempo do que devia a trabalhar para outrém, mas acho que se está a abusar um pouco. As empresas ficam com uma desculpa para aumentar o numero de horas de trabalho dos trabalhadores, e estes, com o desemprego que aí anda, ficam cada vez mais vulneráveis a aceitar outras condições de trabalho. Resta agora ver se os ministros vão chegar a um acordo com a empresa (leia-se Estado) para trabalhar as 65 horas por semana, ou pelo contrário, vão diminuir o horário de trabalho, ou incluir nessas 65 horas as visitas ao Elefante Branco e outras casas de indiscutível relevo cultural, devidamente justificadas por despesas de representação....

domingo, 8 de junho de 2008

O pianista que se dedicou ao bacalhau

Embora à primeira vista pareça uma notícia sobre pianistas cozinheiros, não se trata de nada disso. Ainda não li a dita noticia, mas não deixa de ser curioso que uma pessoa que se tenha dedicado durante 3 décadas à musica, troque a sua profissão por um trabalho numa fábrica de transformação de bacalhau. Por mais que se goste de dar musica aos outros, quando se chega ao fim do mês e não se tem dinheiro para viver, começa-se a repensar as prioridades na vida. Optar por estar mais perto do "fiel amigo", como bom português que é, é sempre uma opção válida, e acredito que na Noruega as condições de trabalho sejam muito melhores para um operário de uma fábrica de transformação de bacalhau do que em Portugal para um músico com 3 décadas de provas dadas. E caso não se receba muito bem, pode-se ao menos comer bacalhau de qualidade. É esta a realidade do país nos ultimos anos. Nós que criticávamos as pessoas do leste por virem para Portugal, médicos e engenheiros a trabalhar nas obras e em outros trabalhos mais físicos, damos por nós, tal como fizémos há 3 e mais décadas atrás, a ter de emigrar para sobreviver condignamente. Faz-nos pensar, não é?

Pérolas preciosas

Há dias em que não nos apetece nada... Em que estamos cansados de tudo e de todos... Em que o passado nos atormenta e o futuro não parece nada brilhante... em que até o presente nos maça só porque os minutos, horas, dias, nos custam a passar. Há dias em que tudo corre bem. Em que o passado regressa para nos fazer lembrar bons tempos, em que as pessoas na nossa vida nunca nos cansam, em que tudo é uma novidade, e estamos sempre a aprender. Em que o futuro é belo e tudo nos corre bem no presente. Qual a diferença entre estes dias? Têm ambos 24 horas, 1440 minutos, 86400 segundos. Apenas a forma positiva ou negativa como olhamos para eles, e os encaramos, fazem toda a diferença. Ah, e as pessoas, claro. A familia, os amigos, os conhecidos, os desconhecidos, um sorriso na rua, uma palmada nas costas (tás bom, cabrão? Há quanto tempo, pá! fdx, 15 anos e estás na mesma). Da próxima vez que alguém me insultar, vou sorrir. Da próxima vez que alguém me disser adeus, vou guardar as imagens boas, positivas, e é delas que me irei lembrar. Da próxima vez... vou esquecer-me de tudo o que disse acima, e continuar a fazer o mesmo... :p

domingo, 1 de junho de 2008

A matemática e os governantes

O primeiro-ministro José Sócrates anunciou hoje a criação de 10.000 postos de trabalho na sequência da construção de 618 novos equipamentos sociais no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES).
Ainda bem que os nossos governantes têm licenciaturas em Engenharia, Economia, e outras coisas acabadas em "ia", tiradas em faculdades completamente isentas e que nunca estiveram sob suspeita de irregularidades, e de fazer exames por faxs e outros meios mais avançados de comunicação, senão começava a suspeitar de que não sabiam fazer contas. Já não bastava o outro dos 3x6 é.. hum.. sim.. é fazer as contas, agora anda-me este a anunciar novos empregos. A questão agora é: estes empregos são para somar aos 150 mil prometidos? Ou são um bónus extra? Ou será que por fazer duas promessas, o governo vai dizer que falhou uma, e cumpriu a outra? Fica com uma percentagem extremamente favorável a nivel estatistico, 50%. E com sorte, se anuncia que os arrumadores necessitam de recibos verdes para começar a trabalhar legalmente, embora não descontando IRS e nem pagando S.Social ( igualando-se em direitos - porque isto é uma democracia - aos mais ricos de Portugal, que dizem que têm rendimentos ao nível do salário mínimo, e o resto das coisas em nomes dos filhos, tios, enteados, filhas de amantes e off-shores em ilhas paradisiacas - e qualquer dia localizados num paraíso fiscal qualquer da lua), fica com o problema dos 150 mil empregos criados. Pronto, pode-se discutir sempre se forem criados ou legalizados, mas é sempre uma questão semântica. E se se lembra de legalizar os pedintes do metro, e os tocadores de musica de determinadas ruas, que recebem (quando recebem) uma miséria por tocarem, bem, então vêm anunciar que ultrapassaram em x% a sua promessa. Acham que estou a exagerar? Ainda não viram os novos cursos "pra malta nova"? Técnico de limpezas de vidros nos semáforos, desbloqueador de porta-bagagens em 5 lições, em caso de car-jacking, técnicas de negociação para os desperdícios junto dos hipermercados, e por aí fora...