domingo, 17 de maio de 2009

Desenrascanso

Se existisse uma investigação completa do ADN, em que analisassem o genoma português, decerto descobririam o gene do desenrascanso. Pensava eu erradamente que era uma mutação genética única dos portugueses, que tinha sido adquirida quando a Padeirinha de Aljubarrota, não tendo outra coisa à mão para bater nos espanhóis, usou a pá do pão para meter alguns dos espanhóis no forno.
Encontrei no wiktionary, a definição de desenrascanço em inglês. Disentanglement - the term is used to describe the process of solving a problem, and indicates that the solution was fashioned despite a lack of the proper equipment, training, or knowledge. Ou seja, é o termo usado para descrever o processo de resolver um problema, indicando que a solução foi encontrada mesmo faltando o equipamento adequado, a formação ou o conhecimento sobre o assunto (mais coisa menos coisa, que nunca fui bom a ingréis).
Após alguma aturada pesquisa, apercebi-me que o desenrascanso não é exclusivo dos portugueses, e a sua existência remonta ao inicio da criação do homem. Quando Deus criou Adão, e depois, ao ver Adão todo contente no paraíso, a brincar com os animais e a gozar os dias à grande, decidiu criar uma mulher para lhe azucrinar a vida. Como já se lhe tinha acabado a matéria prima, teve de se desenrascar, e arrancar uma costela ao Adão. Adão bem que lhe perguntou porque iria criar a mulher, e este lhe respondeu “quero que sejas mais feliz, e tenhas também sexo”. Adão argumentou logo que não era preciso, que já se tinha safado com umas ovelhas jeitosas que por ali andavam, mas o argumento que Deus lhe deu não deu hipóteses a Adão. “Ó Adão, queres que os teus filhos façam méeeeeeee quando tentarem falar?” E isto acabou com a resistência de Adão, que estava todo preparado para convencer Deus com argumentos brilhantes como o das ovelhas não terem dores de cabeça, não saberem usar cartões de crédito, não andarem sempre a queixar-se do peso, etc, etc, etc. E assim começou o desenrascanso, não com Deus e a costela de Adão, mas sim com Adão, e as ovelhas felpudas.
Desde essa época remota, a evolução do desenrascanso foi uma caminhada impar, tendo este gene sendo transmitido a apenas alguns humanos, que aperfeiçoaram este gene, e o transmitiram de geração em geração. Existem alguns casos documentados, como o de Moisés. Perseguido pelo Faraó, e levando um povo todo atrás, foi até ao Mar Vermelho na sua fuga. Tendo percebido que tinha feito um disparate ao fugir em direcção ao mar, pois não sabia nadar, teve de se desenrascar e pediu ajuda a Deus. Deus, como não tinha tempo para ensinar rapidamente Moisés a nadar, desenrascou-se abrindo o mar em dois, para que Moisés pudesse passar a salvo sem problemas, ficando este com o compromisso de aprender a nadar nos dois meses seguintes.
Podia estar aqui mais uns anos a escrever sobre desenrascanso, mas tenho mais que fazer (i.e. sofazar), e vocês também, pelo que se querem ler mais sobre isto... desenrasquem-se!

1 comentário:

Pulha Garcia disse...

desenrascar é fundamental. É mais do que uma característica inata nossa. É a nossa única regra.